terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Inocência

Mateus 2, 13-18: “Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: ‘Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo’. José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: ‘Do Egito chamei o meu Filho’. Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: ‘Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais’.”

Paz e Bem, amados e amadas!

O ano de 2010 está acabando, e vale uma avaliação dos últimos 12 meses. Todos os projetos que fizemos na noite da virada 2009/2010 foram realizados? Os sonhos foram alcançados? As lutas foram vencidas? As promessas foram cumpridas?
Sim? Que bom! Parabéns! Não? O que impediu? O que faltou? Normalmente, não conseguimos cumprir todos os objetivos programados para o ano novo, mas são muitos os motivos. Algumas vezes por falta de força de vontade, ou por falta de ter surgido a oportunidade certa, ou por não estarmos preparados totalmente, ou por falta de dinheiro, ou outro motivo. Às vezes não depende apenas de nós conseguirmos determinados objetivos, pois se pudéssemos fazer tuuudo sozinhos, não teria muita graça. Cooperação é algo muito bom, e não podemos manipular as pessoas para nos darem o que queremos, ou nos levarem onde desejamos. Porém também não podemos depender dos outros o tempo todo. Temos que andar com as próprias pernas de vez em quando.

Hoje é o dia dos Santos Inocentes. Que não são apenas aqueles pequenos mencionados na leitura do início deste texto, mas também tantas crianças que sofrem nas mãos dos pais, babás, responsáveis ou outras pessoas. Maus tratos, pedofilia, castigos pesados, trabalho forçado e assassinato são coisas abomináveis cometidas contra elas. O próprio Jesus fala disso com rigor: “Quem escandalizar um desses pequeninos que acreditam em mim, melhor seria para ele pendurar uma pedra de moinho no pescoço, e ser jogado no fundo do mar.”(Mateus 18, 6)

Mas hoje, onde está a inocência? Muitas vezes as crianças falam coisas que a gente questiona: ‘onde você aprendeu isso?’. A televisão certamente é o maior ‘professor’ que elas tem. Eu mesmo, quando pequeno, era colocado na frente dela, e gostava de um personagem do Diogo Vilela, e uma das primeiras palavras que aprendi a ‘falar’ era o nome dele: ‘Fefe’... ^^ Rsrsrs... Claro que eu apenas tentava pronunciar o nome e dizia assim, mas eu estava sendo criado pelo aparelho que contém o ‘tubo infecto’ como diz o Marcelo Tas no CQC (Custe o Que Custar) na Bandeirantes. Na televisão hoje temos muitas coisas ruins para se formar a mente de uma criança, como as músicas indecentes; os programas ‘humorísticos’ com piadas pesadas; os telejornais sensacionalistas e sanguinolentos (‘mostra a moça morta’ dizia sempre o Marcelo Rezende); as novelas com exemplos de traição, luxo, poder, rebeldia; os desenhos animados (que apesar de eu gostar, sempre tem uma briga, um tentando matar o outro, e outras coisas violentas, como Pica-Pau, Tom e Jerry, Pernalonga, e os animês, como Naruto, Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco, que sempre tem temas pesados, mas a gente gosta, né?), e tantas outras coisas.

E hoje, graças a Deus, temos também alguns canais religiosos, como a TV Século XXI, Canção Nova, TV Aparecida... Que tem programas destinados às crianças também. E não podemos deixar de falar na TV Cultura. Com muitos programas com temática infantil, ajudaram a moldar a minha personalidade e me ensinaram muitas coisas em minha infância, e com certeza ajudam muitas outras hoje em dia. Castelo Rá-Tim-Bum, O Mundo de Beakman, Cocoricó, e outros sempre foram muito divertidos e educativos. Gosto de assistir e relembrar aqueles bons tempos. =D

E nós, já bem mais crescidos que as crianças que tem tempo pra ficar na frente da TV (ou do computador) o dia todo se divertindo, fizemos o que com nossa inocência? Dizer que ela foi embora simplesmente por termos crescido não é a verdade verdadeira. Aos poucos fomos trocando a pureza pela malícia na mente e nos atos do dia-a-dia. Claro que não podemos ficar ‘infantis’ a vida toda, mas não podemos também perder a capacidade de sorrir, se divertir e viver com a pureza das crianças. As preocupações e atividades do dia-a-dia moldam nossa personalidade também e muitas vezes não permitem que a inocência faça parte da vida.

Mas ser inocente não quer dizer ser tolo. A pessoa inocente sabe ouvir, falar, ver, brincar, dançar sem ficar procurando ou mostrando comportamentos que sejam maliciosos ou perigosos. A pessoa tola não vê absolutamente nada em nada. Não sabe brincar, não sabe falar, não sabe ouvir, e sempre se mostra alguém desagradável de se estar na presença. Ser tolo é ser alvo fácil de brincadeiras e ‘trollagens’ onde este sempre acaba se tornando a piada, e ser inocente é, mesmo sendo alvo de brincadeiras bobas, continua sendo uma pessoa que atrai muito mais respeito do que o primeiro.

Que 2011 seja um ano em que saibamos transformar nosso coração muitas vezes malicioso e maldoso em um coração com a inocência e pureza das crianças. Que busquemos força no Menino Jesus que a poucos dias nasceu, e pelo exemplo dele, sejamos simples e agradáveis ao Senhor.

Um abraço, pessoal, e até o ano que vem!

Feliz Ano Novo!




28 de Dezembro: Santos Inocentes.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Partilhar o Pão

Mateus 15, 29 – 37: “Jesus foi para as margens do Mar da Galileia, subiu a montanha e sentou-se. Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus, e ele os curou. O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando, e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel.
Jesus chamou seus discípulos e disse: ‘Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho.’ Os discípulos disseram: ‘Onde vamos buscar, neste deserto, tantos pães para saciar tão grande multidão?’ Jesus perguntou: ‘Quantos pães tendes?’ Eles responderam: ‘Sete, e alguns peixinhos’. E Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. Depois pegou os pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos, às multidões. Todos comeram e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.”


Paz e Bem, amados e amadas!

Pois bem, começamos o Ano Litúrgico A. Na missa de abertura do Advento, ouvimos no Evangelho que devemos estar sempre preparados para que quando o Senhor voltar, não nos pegue dormindo. Ou seja: que quando o dia do Juízo Final chegar, todos estejam envolvidos com as causas do Reino, trabalhando nele, ao invés de estarmos sentados apenas observando a vida passar pela janela (ou pela tela do computador).

Começamos também o mês de Dezembro, e no Evangelho de hoje, vemos que Jesus cura as multidões e as alimenta. Por mais que Jesus realizasse muitos milagres, curas e libertações que as pessoas não poderiam alcançar sozinhas, Jesus não poderia simplesmente erguer as mãos e todos se sentiriam com a barriga cheia de comida. Não, pelo contrário: ele fez com que o pouco alimento que eles tinham ali a disposição, fosse suficiente pra uma grande multidão. Há quem diga que todas as passagens de ‘multiplicação dos alimentos’ não passa de uma outra visão de partilha. Ao repartir o pouco que tinha, dizem eles, Jesus tocou fundo a consciência do povão, que certamente tinha o que comer dentro da bolsa, e eles simplesmente repartiram entre si, sem qualquer multiplicação, apenas com a abertura da bolsa da galera. Isso é possível sim, mas onde entraria a Mão de Deus aí? Claro que a pessoa se desfazer do orgulho e do egoísmo muitas vezes precisa de um empurrãozinho divino, mas aqui neste caso, acredito que não se aplica dessa forma.

Acredito sim, na multiplicação do alimento como é narrado, mas não apenas na Bíblia: na vida real também acontece: certamente você já presenciou ou ainda vai presenciar esta história: tem pouca comida, a nossa mãe não fez mais pra poder acabar aquela que estava pronta na panela, mas que é suficiente pro pessoal da casa, e de repente chega umas duas ou três visitas, e sentam pra comer também. ‘Ai meu Deus, não vai dar’, a gente pensa. Mas aí todos comem, repetem e ficam saciados, e ainda sobra o suficiente pra mais alguém. Ação divina na ação humana da partilha?

Ouvi também uma história sobre um encontro de jovens aqui em Arapongas mesmo, em que faltaria frango para o almoço de domingo. (Almoço de encontro no domingo sem macarrão, frango e batata não é almoço de encontro, né? XD) Tinha 90 pedaços de frango, e 120 encontristas. Claramente impossível de dar certo isso. Então a organização enviou algumas pessoas para a capela com uma ordem simples: ‘OREM!’. A equipe de organização deixou claro também que a os que estavam trabalhando não comessem frango e que eles mesmos servissem o frango para a galera. Chegou a hora do almoço, os pedaços contados e recontados de frango estavam lá, e o pessoal faminto também. Começaram a servir, e serviram, serviram e serviram. O frango não acabava. O povo repetiu, a equipe de coordenação comeu, e ainda sobrou mais um tanto de frango que fora doado para a Casa de Acolhida. Ninguém ficou sem comer carne branca. Ação divina na ação humana da partilha com base na fé e na oração fervorosa?

A questão é: qual o nível de nossa fé? Estamos entregando nossos problemas, nossas dificuldades, nossas ‘deficiências’, nossa fome e sede nas mãos de Deus e temos sabido aguardar, ou entregamos tudo nas mãos Dele e pouco depois estamos tentando resolver de novo? Entregue nas mãos de Deus sua causa, e aguarde. Acalme o coração. Garanto que no mesmo dia, ou o mais logo possível, será resolvida a questão. E glorifique e agradeça a Deus. Seja você o recebedor da graça ou apenas espectador, faça como o povão no Evangelho de hoje: ‘E glorificaram o Deus de Israel’.

E do que temos, sabemos partilhar? Não apenas o alimento, mas também nossos conhecimentos, nossos dons, ou simplesmente nossa presença, e capacidade de ouvir. Muitas vezes o que algumas pessoas precisam é simplesmente serem ouvidas. Já aconteceu de alguém chegar em você e falar sem parar por um longo tempo, e você só balança a cabeça positivamente, e no fim, a pessoa diz ‘nossa, foi muito bom falar com você’? E a gente não fala nem 3 palavras numa frase. Muita gente mal humorada só precisa disso pra resolver seu mau-humor. Pessoas assim murmuram para si mesmas: ‘ninguém me ouve, ninguém me entende, ninguém me dá valor’. É, ou não é? =)

Um abraço, pessoal, e até semana que vem!

01 de Dezembro: Santo Elígio